01 de outubro de 2009 - quinta-feira

NAVIO, CAIXÃO e CEGONHA
.
.
Por que me falas nesse idioma? Perguntei-lhe, sonhando.
Em qualquer língua se entende essa palavra.
Sem qualquer língua.
O sangue sabe-o.
Uma inteligência esparsa aprende
esse convite inadiável.
Búzios somos, moendo a vida
inteira essa música incessante.
Morte, morte.
Levamos toda a vida morrendo em surdina.
No trabalho, no amor, acordados, em sonho.
A vida é a vigilância da morte,
até que o seu fogo veemente nos consuma
sem a consumir.
.
.
.
.
.
.
.
Cecília Meireles

Nenhum comentário: