20 de janeiro de 2010 - quarta-feira

CHICOTE, TORRE e ESTRELAS
.
.
Como a noite descesse e eu me sentisse só,
só e desesperado diante dos horizontes que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora!
e vi logo que só as estrelas é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!
.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!
.
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
.
.
.
.
.
.
.
Emílio Moura

Nenhum comentário: